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Comércio exterior: sazonalidade impulsiona importações e exportações

Comércio exterior: sazonalidade impulsiona importações e exportações

A sazonalidade de fim de ano aquece o comércio exterior brasileiro, com o aumento das importações e exportações entre setembro e dezembro. Dois dados recentes confirmam a importância desse período para o balanço do setor.

De um lado, estatísticas da Receita Federal indicam um intenso movimento nos últimos quatro meses do ano, com empresas repondo estoques para atender à demanda natalina. Do outro, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) destaca que muitos indicadores industriais atingem picos nesse período, impulsionados pelas cadeias produtivas que abastecem o varejo.

Impacto no Comércio Exterior

Segundo o Ministério da Economia, até setembro de 2025, as exportações brasileiras somaram cerca de US$ 30,5 bilhões (FOB), enquanto as importações atingiram US$ 27,5 bilhões, totalizando uma corrente de comércio de US$ 58,1 bilhões. A expectativa é que o trimestre final, historicamente mais ativo, eleve ainda mais esses números.

Na visão de Thiago Oliveira, especialista em câmbio e CEO da Saygo, a sazonalidade impõe desafios logísticos e pressões nos custos. “Quem não antecipa gargalos como frete marítimo, demoras aduaneiras ou prorrogações cambiais, pode sofrer atraso de prateleira ou margens comprimidas”, pontua.

Setores Beneficiados

Os setores que mais se beneficiam da alta sazonalidade do comércio exterior são aqueles com forte presença importadora ou que dependem de cadeias globais, como eletrônicos, brinquedos, bebidas importadas e moda.

  • Eletrônicos: Componentes e semicondutores já registram importações em crescimento contínuo.
  • Brinquedos: Importadores intensificam compras entre agosto e outubro para evitar aumentos cambiais ou problemas logísticos nos meses finais.
  • Bebidas importadas: Vinhos, espumantes e destilados têm procura crescente no quarto trimestre, com o varejo elevando seu mix premium.
  • Moda: Mesmo com maior produção nacional, muitos insumos são importados, o que submete o segmento às pressões externas.

Antecipação como Estratégia

Oliveira reforça que, além da proteção cambial, a preparação logística é fundamental. Ele recomenda que as empresas utilizem sistemas de análise preditiva para antecipar atrasos e custos extras, principalmente em rotas marítimas congestionadas ou portos sob pressão. “Uma simples curva de previsão de desembaraço aduaneiro permite realocar estoques e evitar reajustes repentinos”, afirma.

Além disso, plataformas digitais voltadas ao comércio exterior facilitam a simulação de cenários de atraso, custo de capital e impacto cambial integrado. Com essas ferramentas, importadores podem escalonar desembaraços e ajustar o mix de produtos conforme a disponibilidade real no período crítico.

Outra recomendação é escalonar as compras cambiais, segmentando as aquisições para aproveitar oscilações favoráveis e reduzir o risco de picos danosos. A lógica se estende ao planejamento tributário, com regimes como drawback e o uso correto da classificação fiscal.

Gargalos e Desafios

Mesmo com projeções otimistas para o Natal, vários elos da cadeia enfrentam restrições. O custo do frete internacional permanece elevado, o tempo de espera em navios porta-contêineres é imprevisível, e o desembaraço aduaneiro no Brasil sofre com sobrecarga regulatória e fiscalização.

Para muitos importadores, isso significa risco de ruptura de estoque ou necessidade de prorrogações cambiais, elevando custos financeiros. Empresas que se preparam com planejamento antecipado, margem de contingência e visibilidade digital tendem a minimizar surpresas.

Quem não antecipa gargalos como frete marítimo, demoras aduaneiras ou prorrogações cambiais, pode sofrer atraso de prateleira ou margens comprimidas.

— Thiago Oliveira, CEO da Saygo

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