A revolução da inteligência artificial na gestão chegou às pequenas e médias empresas (PMEs). Cada vez mais acessível e integrada, a tecnologia ganha espaço na gestão de negócios com faturamento anual abaixo de R$ 10 milhões. Segundo Thiago Oliveira, CEO da Saygo, holding especializada em soluções de tecnologia e comércio exterior, a IA está transformando o planejamento, a previsibilidade e a execução nessas empresas.
Durante muito tempo, a inteligência artificial era vista como algo distante, restrita a grandes empresas. Isso mudou. Hoje, ferramentas sob demanda permitem ao pequeno empresário antecipar gargalos de caixa, identificar riscos de rotatividade e corrigir falhas logísticas antes que afetem o cliente.
— Thiago Oliveira, CEO da Saygo
IA aplicada em finanças, pessoas e processos
O uso da inteligência artificial por PMEs se concentra em três áreas principais: controle de caixa, gestão de equipes e operação logística. Softwares baseados em machine learning já conseguem prever a inadimplência de clientes com alta precisão, sugerindo ações corretivas baseadas no histórico e na sazonalidade do negócio.
Além disso, no setor de recursos humanos, plataformas que combinam dados de produtividade, feedbacks e clima organizacional ajudam a prever demissões e a melhorar o engajamento. Oliveira destaca que empresas que adotaram essas soluções conseguiram reduzir a rotatividade em posições críticas em até 40%.
Otimização do fluxo operacional
No fluxo operacional, a IA também desempenha um papel estratégico. Varejistas utilizam ferramentas de visão computacional para otimizar o estoque, evitando rupturas e perdas. Em setores como logística e importação, a Saygo desenvolve sistemas de gestão baseados na previsão de demanda e riscos regulatórios. Ainda de acordo com o executivo, a IA é usada para modelar cenários tributários e ajustar a estratégia antes que surjam problemas.
Previsibilidade e redução de erros
Um estudo do Sebrae revelou que cerca de 82% das micro e pequenas empresas brasileiras ainda não utilizam soluções de IA, mas 64% demonstram interesse em adotar a tecnologia nos próximos dois anos. O custo e a falta de conhecimento técnico ainda são os principais obstáculos. No entanto, Oliveira acredita que esse cenário mudará rapidamente.
Com plataformas no modelo SaaS, o investimento inicial diminuiu drasticamente. Atualmente, uma PME pode usar a IA por uma assinatura mensal acessível, dependendo da aplicação. A tecnologia também oferece previsibilidade operacional, um diferencial competitivo em tempos de instabilidade econômica.
Não se trata de substituir o gestor, mas de dar a ele uma bússola. A empresa que opera no escuro está fadada ao improviso. Aquela que opera com dados antecipa problemas e cresce com consistência.
— Thiago Oliveira, CEO da Saygo
Exemplos práticos e o futuro da IA
Entre os casos acompanhados pela Saygo, destaca-se uma distribuidora de alimentos em Minas Gerais que, ao usar IA para gestão de estoque e previsão de demanda, aumentou sua margem líquida em 27% em seis meses. Outro exemplo é uma empresa de serviços logísticos que utiliza algoritmos para calcular a probabilidade de falhas no desembaraço aduaneiro, reduzindo o tempo médio de entrega de importações em 18%.
O avanço dessas aplicações se alinha à projeção de que o mercado global de IA para PMEs ultrapasse US$ 100 bilhões em 2026, segundo a consultoria IDC. A tendência é que soluções intuitivas e integradas a ERPs e CRMs se expandam no Brasil. Para finalizar, o CEO da Saygo conclui que em 2026, a IA será essencial para a competitividade, não apenas um diferencial.






