Uma pesquisa da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) revelou que 25% dos brasileiros aceitariam conversar com avatares realistas de entes falecidos, utilizando inteligência artificial (IA). O estudo investiga como a tecnologia está sendo percebida e utilizada no processo de luto e memória afetiva.
Thanabots: a inteligência artificial no enfrentamento do luto
O levantamento, conduzido pelo Centro de Estudos Aplicados de Marketing (CEAM) da ESPM, ouviu 267 participantes que perderam entes queridos nos últimos dois anos. O objetivo foi compreender o papel dos chamados “thanabots” – recursos que criam avatares digitais de pessoas mortas – em contextos de memória e conforto emocional.
De acordo com a pesquisa, o mesmo percentual de 25% dos entrevistados se sentiria confortável com a experiência de interagir com um ente falecido por meio de inteligência artificial. Quase 40% consideram que os thanabots possuem realismo suficiente para promover interações simbólicas e críveis, enquanto 25% veem benefícios emocionais em seu uso.
Thamiris Magalhães, pesquisadora envolvida no estudo, destaca que o uso dessas ferramentas pode ser uma maneira de lidar com o luto. “A perda de um ente querido é uma experiência emocional muito forte, e escapar, mesmo que momentaneamente disto, é o primeiro pensamento de quem perde alguém”, comenta.
Para a pessoa que fica, todo dia é dia de luto, e lidar com estas emoções é um desafio grande. Emerge uma questão ética naturalmente sobre este assunto. Estes serviços buscam preservar os aspectos éticos, mas auxiliam na tarefa de elaborar a perda.
— Thamiris Magalhães, pesquisadora da ESPM
Abertura à tecnologia emocional
A pesquisa também revelou que 64% dos participantes pensam ativamente em estratégias para lidar com os desafios da vida, demonstrando predisposição ao uso de recursos que auxiliem no enfrentamento emocional. Além disso, Flávio Santino Bizarrias, pesquisador do estudo e coordenador do CEAM, observa que a tecnologia emocional ganha espaço entre os brasileiros.
Mais da metade dos entrevistados conta com uma rede de apoio que os encorajaria a recorrer a soluções tecnológicas no processo de luto.
— Flávio Santino Bizarrias, pesquisador do CEAM/ESPM
No entanto, um terço ainda se sente assustado com a ideia da morte, evidenciando que a abertura à inovação convive com o desconforto em torno da finitude.
“A pesquisa mostra que os brasileiros estão mais dispostos a discutir temas que antes eram evitados e a incorporar a inovação de forma mais humana. Essa abertura revela um novo campo de reflexão sobre como a inovação pode contribuir para o acolhimento e o bem-estar emocional”, completa Flávio Bizarrias.






