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IA acelera alta hospitalar no SUS com precisão médica, aponta estudo

Médico analisando dados em tela com interface de IA

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o Sistema Único de Saúde (SUS) ao acelerar o processo de alta hospitalar. Um estudo recente, publicado na revista Nature, revela que modelos de IA já conseguem elaborar sumários de alta hospitalar com uma precisão comparável à de médicos.

IA transforma documentação clínica no SUS

A pesquisa, realizada por cientistas brasileiros, testou um sistema de algoritmos baseado em Modelos de Linguagem Grandes (LLMs). Os resultados indicam que a tecnologia tem o potencial de transformar a documentação clínica no Brasil, otimizando diagnósticos e melhorando a comunicação entre profissionais de saúde e pacientes no SUS.

Os sumários de alta são documentos cruciais para assegurar a continuidade do tratamento e a transferência de informações entre hospitais e a atenção primária. Contudo, a alta demanda e a complexidade das informações clínicas frequentemente dificultam a criação de registros completos e precisos.

Segundo o estudo, aproximadamente 32,8% dos pacientes não recebem esse documento, embora 97,7% desejem ter acesso a um relatório claro e detalhado de sua internação.

Desenvolvimento e Metodologia

Para solucionar esse problema, pesquisadores de três empresas de tecnologia – NoHarm.ai, Memed e Maritaca.ai – desenvolveram um sistema que combina a extração de informações médicas relevantes em textos clínicos (NER) com a reformulação desses dados por meio de um modelo de linguagem. A solução, treinada especificamente para o português do Brasil, já está integrada à plataforma NoHarm.ai, utilizada por mais de 150 hospitais no país.

Resultados e Impacto

Os resultados da pesquisa apontam que o sistema de IA não só agiliza a documentação, mas também aumenta a precisão e a abrangência dos registros. Isso auxilia na tomada de decisões clínicas durante as transições de cuidado e contribui para melhores resultados em saúde e uso eficiente de recursos.

De acordo com Fábio Tabalipa, diretor médico da Memed e um dos autores do estudo, o sistema de IA otimiza a tomada de decisões clínicas:

Os resultados mostraram que o sistema com IA não apenas agiliza a documentação, mas também aumenta a precisão e a abrangência dos registros, apoiando a tomada de decisões clínicas durante as transições de cuidado e contribuindo para melhores resultados em saúde e uso eficiente de recursos.

— Fábio Tabalipa, diretor médico da Memed

O desenvolvimento do sistema envolveu a coleta de requisitos, o desenvolvimento e a avaliação. A equipe consultou profissionais multidisciplinares, incluindo médicos residentes, enfermeiros, psicólogos, farmacêuticos e equipes de inovação e qualidade, para garantir que o sistema atendesse às necessidades práticas.

Opinião dos Especialistas

Ainda de acordo com a pesquisa, pacientes hospitalizados, seus cuidadores e médicos da atenção primária forneceram feedback por meio de pesquisas online e entrevistas, o que foi fundamental para alinhar a solução com a realidade do SUS.

Os sumários gerados por IA foram considerados comparáveis em precisão às versões escritas por humanos. As avaliações médicas indicaram que a maioria dos sumários gerados pelo sistema foi classificada como “Muito Bom” (61,54%) ou “Excelente” (12,82%). A aceitação da IA foi positiva, com 73,44% dos pacientes e 100% dos médicos entrevistados expressando conforto ou curiosidade em relação ao uso da IA para auxiliar na criação de sumários de alta.

Segundo Ana Helena Ulbrich, pesquisadora e fundadora da No.Harm, o sistema garante a supervisão humana:

É importante destacar que o sistema garante a supervisão humana, permitindo que os médicos revisem, modifiquem e validem o sumário final antes de ser armazenado no prontuário do paciente. A implementação de sistemas eletrônicos de sumários de alta pode reduzir consideravelmente os tempos de espera na saúde e aumentar a precisão e a padronização das informações. Otimizar esse processo melhora a segurança do paciente, a satisfação e a qualidade geral do cuidado.

— Ana Helena Ulbrich, pesquisadora e fundadora da No.Harm

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