O avanço da inteligência artificial (IA) está transformando a rotina das equipes de tecnologia e redefinindo o papel dos desenvolvedores. Gigantes como Microsoft e Atlassian anunciaram demissões e aquisições estratégicas em meio à corrida pela IA, o que intensifica o debate sobre produtividade e o futuro do trabalho no setor.
IA como ferramenta, não substituição
Para Frederico Stockchneider, diretor de tecnologia da Infoworker, a IA não está substituindo profissionais, mas reconfigurando funções.
As empresas que souberem integrar a IA aos times humanos sairão na frente. A produtividade real nasce do equilíbrio entre automação e criatividade — Frederico Stockchneider, diretor de tecnologia da Infoworker
A tendência é que a tecnologia assuma tarefas operacionais e repetitivas, permitindo que os profissionais se concentrem em desafios estratégicos e criativos, onde o toque humano continua indispensável. A Atlassian, por exemplo, investe em ferramentas de produtividade e colaboração para equipes de desenvolvimento, como a plataforma de inteligência para desenvolvedores DX.
Estudo aponta desafios na adoção da IA
Um estudo do Machine Intelligence Research Institute (METR) revelou que o uso de IA para tarefas diárias fez com que a velocidade da entrega caísse 19% em testes com desenvolvedores seniores. Essa constatação reforça que a inteligência artificial ainda exige adaptação e não garante ganhos automáticos.
Stockchneider explica que os modelos de IA são excelentes em tarefas estruturadas, mas ainda precisam de direção humana para gerar valor real.
Quando usados sem critério, acabam aumentando o retrabalho e reduzindo a produtividade. A eficiência vem da combinação entre experiência técnica e uso estratégico da tecnologia, não da substituição completa do desenvolvedor — Frederico Stockchneider, diretor de tecnologia da Infoworker
A Infoworker, por exemplo, adotou a IA para dar suporte a equipes de desenvolvimento, focando em tarefas repetitivas ou no auxílio à criação de testes automatizados, e deixando o núcleo criativo e as regras de negócio complexas nas mãos humanas.
O fator humano na era da IA
A experiência, a visão de longo prazo e a criatividade permanecem como diferencial das equipes de desenvolvimento. Nesse cenário, a IA surge como aliada: reduz o tempo de atividades repetitivas, melhora a eficiência das etapas auxiliares e libera o profissional para lidar com os aspectos estratégicos do produto.
“Vibe coding” e a democratização do desenvolvimento
Nos EUA, o termo “vibe coding” se refere à ideia de que pessoas sem formação técnica podem usar IA para desenvolver aplicativos web ou mobile. No entanto, Stockchneider pondera que esses perfis funcionam bem em protótipos ou aplicações simples, mas têm limitações em projetos de larga escala ou que envolvam regras de negócio sofisticadas.
A ideia de que qualquer pessoa pode criar um aplicativo apenas com ajuda da IA é interessante, mas na prática funciona apenas para projetos simples. Quando entram em cena regras de negócio complexas e demandas de escala, o conhecimento técnico e a experiência humana continuam indispensáveis — Frederico Stockchneider, diretor de tecnologia da Infoworker
A inteligência artificial está transformando o perfil dos desenvolvedores, exigindo novas habilidades e capacidade de adaptação, mas ainda não é uma substituta completa. A produtividade real vem do equilíbrio entre tecnologia e talento humano.




