O Banco Central do Brasil (BC) implementou, em março de 2025, novas regras para o Pix, visando fortalecer a segurança e mitigar fraudes digitais. O objetivo é aumentar a confiança no sistema de pagamento instantâneo. Entre as principais medidas, destaca-se a proibição do cadastro de chaves Pix vinculadas a CPFs ou CNPJs em situação irregular, bem como a exigência de dispositivos previamente cadastrados para autorizar transações acima de determinados valores.
Crescimento das tentativas de fraude
Dados da Serasa Experian revelam um aumento preocupante nas tentativas de fraude no país. No primeiro trimestre de 2025, foram registradas 3,4 milhões de tentativas, representando um aumento de 22,9% em relação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, mais da metade dos brasileiros adultos (54%) já foram vítimas de golpes, com prejuízo financeiro.
Segundo o Banco Central, as perdas decorrentes de fraudes no Pix aumentaram cerca de 70% em 2023, totalizando R$ 4,9 bilhões.
Medidas de segurança e monitoramento
Para Luis Molla Veloso, especialista em Embedded Finance, o aumento das tentativas de fraude exige respostas proporcionais. “A escala do Pix demanda segurança contínua. As novas regras de autenticação são relevantes, mas o monitoramento comportamental e a validação de dispositivos são fundamentais para combater a engenharia social usada por criminosos”, afirma.
As instituições financeiras participantes do sistema deverão adotar, até novembro de 2025, mecanismos de gestão de risco capazes de identificar transações fora do padrão do cliente e revisar periodicamente as marcações de fraude nos cadastros. Essas exigências visam aumentar a detecção precoce de movimentações suspeitas e reduzir a abertura de contas com dados falsos.
Dicas para usuários
Especialistas reforçam a importância de medidas simples para os usuários, como:
- Verificar o nome e o CPF/CNPJ do destinatário antes de enviar o pagamento.
- Ativar a autenticação em dois fatores.
- Evitar realizar transações em dispositivos públicos.
- Desconfiar de mensagens que peçam transferências urgentes.
Em caso de golpe, a orientação é registrar um boletim de ocorrência e acionar imediatamente o banco para solicitar o bloqueio dos valores por meio do Mecanismo Especial de Devolução (MED), criado pelo Banco Central.
Desafios e educação digital
Apesar de o MED permitir a recuperação do dinheiro em alguns casos, um levantamento recente mostra que apenas 5% das vítimas de golpes com Pix conhecem esse recurso e sabem como utilizá-lo.
Para Veloso, o desafio do sistema é equilibrar agilidade e segurança. “A tecnologia cria barreiras cada vez mais eficientes, mas o usuário ainda é o elo mais vulnerável. A educação digital é tão importante quanto a inovação regulatória para garantir a integridade do Pix e a proteção de todos os envolvidos”, conclui.






