Home / Segurança Pública / Insegurança pública: reflexo da falta de ação dos governos

Insegurança pública: reflexo da falta de ação dos governos

Insegurança pública: reflexo da falta de ação dos governos

A recente operação das polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou em um alto número de mortos, reacendeu o debate sobre a segurança pública no Brasil. Essa questão, que aflige a população, é o tema central deste artigo assinado por Samuel Hanan, engenheiro, empresário e ex-vice-governador do Amazonas (1999-2002).

A percepção da insegurança no Brasil

Nas pesquisas de opinião pública, a segurança pública figura entre as três maiores preocupações dos brasileiros. Um levantamento do Ipespe, em parceria com o Instituto para a Reforma das Relações entre Estado e Empresas (IREE) e a BRZ Consulting Consultoria e Projetos, revelou que metade da população se sente insegura em seu bairro ou localidade. Além disso, a violência e a segurança são consideradas problemas nacionais por 70% dos brasileiros, segundo pesquisa Genial/Quaest.

Em matéria da Folha de S. Paulo, dados mostram que 60% da população brasileira tem evitado sair às ruas por medo de roubos e da violência crescente.

Essa é talvez a face mais nefasta dos governos das últimas duas ou três décadas, período em que o Brasil vem sendo governado por presidentes que jamais reconheceram seus erros e sequer cogitaram pedir desculpas ao povo pelas políticas equivocadas, chanceladas pelos mesmos aliados de sempre.

— Samuel Hanan, engenheiro, empresário e ex-vice-governador do Amazonas.

Além da corrupção e da impunidade, o Brasil ocupa um lugar de destaque no ranking de países com o maior número de homicídios intencionais e estatísticas alarmantes de outros crimes.

O avanço do crime organizado

O Estado brasileiro, que agora aposta na PEC da Segurança, não conseguiu combater as facções criminosas, como o PCC e o Comando Vermelho, que expandiram sua presença e atividades em todo o país. Essas organizações impõem suas próprias leis e controlam o sistema prisional, com negócios que vão além do tráfico de drogas.

Essas organizações criminosas e as milícias aumentaram seu poder de ação e já são vizinhos de 19% a 20% da população brasileira, atingindo crescimento recorde de 5 pontos percentuais nos últimos 12 meses. A mais recente Pesquisa do Índice Global de Crime Organizado com dados de 193 paises coloca o Brasil na 14ª posicao em prevalencia do Crime Organizado, uma piora em relação a edição de 2023 onde figuravamos na 22ª posicao, tudo isso conforme reportagens publicadas ha meros dias atras (globo.com 10.11.2025). O avanço da presenca das organizacoes criminosas é flagrante, preocupante e inquestionavel.

Estratégias para o combate ao crime

Para Samuel Hanan, a população se sente abandonada pelo governo federal, mas há solução. Ele propõe afastar questões ideológicas e partidárias, entregando o assunto a especialistas e garantindo os recursos necessários.

Não cabem mais negligências ou omissões. É preciso um esforço conjunto dos governos federal, estaduais e municipais, dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, dos Ministérios Públicos e das forças de segurança.

A importância do conhecimento dos dados

Para o sucesso de qualquer política de enfrentamento, é fundamental conhecer dados como a extensão das fronteiras terrestres (16.885 km, com 66% na Amazônia) e marítimas/fluviais (24.253 km). A dificuldade se agrava com o vazio demográfico e econômico da Amazônia, que facilita a cooptação da população pelo narcotráfico.

A falência do sistema carcerário

O sistema carcerário brasileiro enfrenta uma grave crise, com uma população carcerária de 850 mil pessoas, uma das maiores do mundo. O país prende muito, mas recupera pouco, com cadeias superlotadas e condições desumanas. Há um grande número de pessoas encarceradas sem julgamento, o que gera injustiça e ônus para o Estado.

A necessidade de recursos e contingente

As polícias militar e civil somam 500.779 integrantes, enquanto as Forças Armadas possuem 358.814. A Polícia Federal, com apenas 13.854 integrantes, enfrenta dificuldades para cumprir seu papel na segurança das fronteiras. A falta de recursos financeiros não pode ser desculpa, pois o Brasil possui uma alta carga tributária.

Prioridades e alternativas

É necessário cortar gastos supérfluos para investir em segurança pública. A banalização dos problemas e a falta de prioridade para o combate ao crime não colaboram para a solução.

Hanan propõe dobrar o contingente da Polícia Federal, construir mais vagas no sistema prisional, permitir a atuação das Forças Armadas contra o narcotráfico e aperfeiçoar o controle financeiro das facções criminosas por meio do COAF. Além disso, defende o endurecimento das penas.

O cidadão brasileiro precisa se sentir seguro novamente. É fundamental que o governo implemente ações urgentes e concretas para reverter a situação.

O cidadão brasileiro, que sustenta o Estado, precisa voltar a se sentir seguro e não mais refém da criminalidade. É preciso que o governo ponha em prática ações urgentes, firmes e concretas, antes que a situação se torne irreversível.

— Samuel Hanan, engenheiro, empresário e ex-vice-governador do Amazonas.

Marcado:

Deixe um Comentário