A inteligência artificial (IA) está se tornando realidade no Sistema Único de Saúde (SUS), com algoritmos auxiliando em diagnósticos, triagens e decisões clínicas. No entanto, surge a questão: o SUS está preparado para confiar em algoritmos?
Avanços e Aplicações da IA no SUS
Em hospitais e postos de saúde, a IA já analisa exames, prioriza casos urgentes e sugere condutas clínicas. O Ministério da Saúde apresentou em audiência pública na Câmara dos Deputados que a tecnologia está sendo aplicada em diagnóstico clínico, vigilância sanitária e gestão de serviços.
Isso inclui algoritmos para analisar exames e apoiar decisões médicas, além de ferramentas que fiscalizam ambientes hospitalares e otimizam o funcionamento das unidades de saúde.
Desafios Éticos e Viés Algorítmico
Entre os desafios da IA no SUS, o viés algorítmico é central. Leonardo Tristão, CEO da Performa_IT, alerta: “O viés algorítmico é um dos maiores desafios em um país como o Brasil, onde o SUS atende uma população extremamente diversa”.
Um algoritmo treinado com dados homogêneos pode falhar ao analisar um paciente de comunidade rural. O Dr. Marcelo Carvalho, pediatra e neonatologista, explica: “Um algoritmo treinado em um contexto pode falhar em outro. Por isso, ele nunca pode substituir o olhar clínico”.
O médico sempre será o protagonista da decisão. A inteligência artificial é uma ferramenta, não um fim.
— Dr. Marcelo Carvalho, pediatra e neonatologista
Proteção de Dados e Segurança da Informação
A segurança da informação é crucial. Dados clínicos são registros íntimos dos pacientes e precisam de proteção rigorosa. Leonardo Tristão afirma que, se não forem tratados adequadamente, os riscos são enormes, incluindo vazamento de informações pessoais e uso indevido.
A tecnologia oferece anonimização, criptografia e acesso segmentado para proteger a privacidade dos pacientes. Além disso, políticas claras de governança de dados e capacitação das equipes são essenciais.
Sem confiança na proteção dos dados, a adesão à IA pode ser comprometida.
A Revolução Silenciosa da IA na Medicina
Segundo Leonardo Tristão, a IA já é uma realidade nos diagnósticos, acelerando a análise de exames e identificando padrões que escapam ao olhar humano. No entanto, a decisão final permanece com o médico, que alia empatia e julgamento clínico à ferramenta.
Enxergamos a IA como um copiloto que amplia a capacidade dos profissionais de saúde, aumenta a precisão dos diagnósticos e abre espaço para um atendimento mais rápido e humano.
— Leonardo Tristão, CEO da Performa_IT
A IA pode tornar o sistema mais eficiente, atuando em acesso, qualidade e eficiência, com triagens mais rápidas, diagnósticos mais assertivos, gestão inteligente de recursos e monitoramento remoto de pacientes crônicos.
Exemplos Práticos da IA no SUS
- Triagens rápidas: algoritmos priorizam casos críticos.
- Diagnósticos assertivos: sistemas apontam padrões em exames.
- Gestão inteligente: predição de demanda de leitos e insumos.
- Monitoramento remoto: cuidado contínuo para evitar internações.
A triagem automatizada e a análise de exames são vistas como aplicações transformadoras. Além disso, a construção de copilotos médicos cruza resultados com histórico clínico e fatores demográficos, oferecendo um quadro mais completo para a tomada de decisão.
IA e Humanização do Atendimento
O impacto na relação médico-paciente depende de como a tecnologia é usada. O Dr. Marcelo Carvalho explica que a IA pode humanizar o atendimento ao assumir tarefas burocráticas, liberando tempo para os médicos se dedicarem mais ao paciente.
Se o burocrático fica para a inteligência artificial, o médico tem mais tempo de atender o paciente. Isso conseguiria fazer com que se humanize o atendimento em saúde.
— Dr. Marcelo Carvalho, pediatra e neonatologista
Apesar dos avanços, a adoção da IA enfrenta barreiras culturais, com resistência de profissionais que temem riscos e ameaças aos empregos. No entanto, a adoção é gradual, como ocorreu com outras tecnologias.
O SUS Está Pronto para a IA?
Para consolidar uma política pública de IA na saúde, segundo Leonardo Tristão, faltam infraestrutura digital, padronização de dados e formação de profissionais.
Sem isso, a tecnologia corre o risco de avançar mais rápido que a confiança da população.
— Leonardo Tristão, CEO da Performa_IT
Além disso, é necessária uma regulação clara que defina responsabilidades, critérios de segurança e diretrizes éticas. Dr. Marcelo Silva complementa que o SUS está apto para se adequar a essas novas tecnologias, mas com cuidado e ética.
O Futuro da IA na Saúde
À medida que a IA se infiltra nas rotinas clínicas, o debate se torna político, ético e social. Não se trata de substituir profissionais, mas de redefinir papéis e responsabilidades.
O CEO da Performa_IT responde: “A decisão será sempre da parceria entre os dois — os algoritmos trazem velocidade e escala, mas é o ser humano que dá sentido às informações e traz a empatia que nenhuma máquina entrega”.
No fim, o que está em jogo é a modernização do SUS e a preservação de seus princípios fundamentais, garantindo que a tecnologia amplie o acesso sem aprofundar desigualdades.






