A Black Friday 2025 se aproxima, e com ela, a necessidade de redobrar a atenção contra os golpes digitais, cada vez mais sofisticados com o uso da IA (inteligência artificial). Consumidores brasileiros se preparam para as promoções, mas o alerta contra fraudes é essencial.
Aumento global das fraudes digitais
Em nível global, as perdas com fraudes digitais podem chegar a US$ 400 bilhões até 2027, impulsionadas pela digitalização e novos ciberataques, conforme a Juniper Research. No Brasil, a situação também é preocupante. Um estudo da Branddi identificou mais de mil sites fraudulentos imitando grandes marcas nas semanas que antecedem a Black Friday.
Além disso, números nacionais revelam que 42% dos brasileiros já foram vítimas ou conhecem alguém que sofreu golpes na Black Friday, segundo pesquisa do Instituto Locomotiva e QuestionPro.
A Black Friday se tornou um dos períodos mais críticos para a segurança digital no Brasil. As táticas de fraude estão em constante evolução, e os criminosos utilizam tecnologias cada vez mais avançadas para enganar sistemas e pessoas.
— Lucas Monteiro, Martech Leader da Keyrus
Panorama das fraudes digitais em 2025
O cenário de fraudes digitais no Brasil atingiu níveis alarmantes neste ano. Em janeiro, o país registrou 1,242 milhão de tentativas de fraude, o maior volume da série histórica do Indicador de Tentativas de Fraude da Serasa Experian. Esse número representa um aumento de 41,6% em relação a janeiro de 2024, equivalendo a uma tentativa de fraude a cada 2,2 segundos.
No primeiro trimestre de 2025, foram registradas cerca de três milhões de tentativas de fraude, um aumento de 22,9% em comparação com o mesmo período de 2024. Mais da metade dos brasileiros (51%) foi vítima de fraude no último ano, sendo que 54,2% dessas pessoas tiveram perdas financeiras diretas, segundo o Relatório de Identidade e Fraude 2025 da Serasa Experian.
Bancos e cartões como principais alvos
O setor de Bancos e Cartões concentrou 54% de todas as tentativas de fraude no primeiro trimestre de 2025, totalizando cerca de um milhão de tentativas que, se concretizadas, poderiam gerar um prejuízo superior a R$15,7 bilhões ao sistema financeiro nacional.
Ademais, as fraudes evitadas por biometria facial dispararam, com alta de 78,1% em fevereiro de 2025 em relação ao mesmo mês de 2024, demonstrando a sofisticação crescente dos ataques e a necessidade de tecnologias avançadas de detecção.
Estamos observando uma evolução significativa nas estratégias dos criminosos digitais. Eles não enviam mais mensagens genéricas para milhares de pessoas. Hoje, com o surgimento da IA, os deepfakes, vídeos e áudios falsos criados por IA, permite que criem abordagens personalizadas.
— Lucas, da Keyrus
Como a IA potencializa as fraudes?
A Inteligência Artificial (IA) transformou o cenário dos golpes digitais, tornando as fraudes praticamente indistinguíveis da realidade. No Brasil, os golpes com deepfakes cresceram 822% entre 2022 e 2023, segundo o Relatório de Fraude de Identidade da Sumsub. Os ataques com deepfakes no Brasil ocorrem com frequência cinco vezes maior do que nos Estados Unidos.
Casos como a imagem falsa do Papa Francisco com um casaco da Balenciaga ou vídeos fabricados de explosões no Pentágono ilustram como conteúdos sintéticos podem afetar mercados financeiros e a opinião pública em questão de minutos.
— Kenneth Corrêa, especialista em tecnologia e professor da FGV
Em 2024, a empresa de engenharia britânica Arup transferiu US$25 milhões para golpistas após uma videoconferência com executivos gerados por inteligência artificial. No Brasil, criminosos usam a tecnologia para replicar a imagem e voz de apresentadores de TV e políticos para divulgar promoções falsas e realizar golpes financeiros.
É fundamental que essas tecnologias sejam implementadas com responsabilidade, seguindo princípios de equidade, inclusão e prestação de contas. O uso ético da IA precisa estar no centro da transformação digital tanto para garantir os direitos individuais quanto para construir a confiança da sociedade nas novas ferramentas.
— Kenneth Corrêa, especialista em tecnologia e professor da FGV
Táticas de fraude com IA na Black Friday
- Imitação visual detalhada: sites que replicam o layout de páginas oficiais.
- Deepfakes em anúncios: vídeos falsos com influenciadores e embaixadores de marcas.
- Ofertas com preços irresistíveis: promoções exageradamente vantajosas com pagamento via Pix.
- Captura de informações sensíveis: coleta de dados de cartões de crédito e informações pessoais.
- Perfis falsos em redes sociais: perfis que simulam a comunicação oficial de marcas.
De acordo com dados da Febraban, em 2024 os golpes digitais causaram mais de R$10 bilhões em prejuízos no Brasil, valor 17% superior ao ano anterior.
A inteligência artificial está sendo usada tanto para atacar quanto para defender, criando uma verdadeira corrida digital. Os criminosos utilizam ferramentas de IA para criar deepfakes convincentes e personalizar ataques de phishing. Mas essa mesma tecnologia é nossa aliada.
— Fernando Corrêa, CEO da Security First
Como se proteger dos golpes digitais na Black Friday
Como forma de prevenção por parte das empresas, a IA pode ser e cada vez mais está sendo aplicada diretamente em canais digitais, como aplicativos bancários e portais de seguros, para identificar comportamentos suspeitos em tempo real.
— Lucas Monteiro, Martech Leader da Keyrus
Diante desse cenário, é crucial que o consumidor adote medidas práticas para evitar fraudes:
Antes da compra:
- Pesquise preços com antecedência para identificar descontos reais.
- Desconfie de ofertas muito abaixo do mercado.
- Verifique a reputação do vendedor e se o CNPJ está ativo.
- Acesse sites oficiais digitando o endereço no navegador.
Durante a compra:
- Confira se o site possui HTTPS (cadeado ao lado do endereço).
- Fique atento a erros sutis na URL.
- Para pagamentos via Pix, confira os dados do beneficiário.
- Use cartão virtual ou temporário para compras online.
- Calcule o valor total da compra, incluindo o frete.
Sinais de alerta:
- Pressão com senso de urgência e contagem regressiva exagerada.
- Solicitações de pagamento fora da plataforma oficial.
- Mensagens não solicitadas com ofertas “exclusivas”.
- Anúncios com vídeos de celebridades ou autoridades (possíveis deepfakes).
- Atendimento que solicita dados bancários completos ou senhas.
A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) elaborou uma cartilha com dicas para evitar golpes na Black Friday. Para compras online, o consumidor tem direito de arrependimento de até sete dias úteis, sem necessidade de justificativa.
A melhor defesa contra golpes é a informação, e isso precisa ser levado a sério tanto por consumidores quanto por empresas. Consumidores bem informados conseguem identificar sinais de fraude. Empresas que investem em segurança digital protegem seus clientes, sua reputação e longevidade no mercado.
— Fernando Corrêa, CEO da Security First






