Consumidores pretos notaram uma melhora na representatividade em anúncios. A Data-Makers, em parceria com a Black Influence, a ESPM e apoio da Peji, apresenta os resultados do “Black Consumers 2025”, pesquisa de mercado sobre o comportamento, preferências e desafios dos consumidores pretos e pardos do Brasil. O estudo entrevistou 2.002 consumidores de todas as regiões, classes sociais e faixas etárias.
Consumidor preto mais consciente
O estudo revela que 62% dos consumidores pretos dizem que sua raça/cor influencia nas suas decisões de compra, uma redução de 4 pontos percentuais em relação a 2024. Além disso, o envolvimento com marcas ligadas à causa preta cresceu significativamente: 37% mostram alta preferência por marcas e figuras públicas engajadas com a causa negra – um aumento de 10 pontos percentuais comparado ao ano anterior.
Ainda mais importante, 60% dos consumidores aceitariam pagar mais por produtos que apoiem a causa preta, demonstrando disposição financeira para reconhecer marcas comprometidas com equidade. Este é um mercado disposto a investir em suas convicções.
Relação com as marcas
Diferentemente de um consumidor radical, a pesquisa aponta para um consumidor vigilante, porém engajado. Enquanto 62% consideram a representatividade nas empresas como critério de compra e 59% deixaram de comprar produtos por conta de um anúncio inadequado, apenas 46% boicotariam uma marca por desrespeito à causa preta – uma queda de 10 pontos percentuais em relação a 2024.
Expectativa de customização
Oito em cada dez consumidores (80%) acreditam que produtos e serviços devem ser adaptados e customizados para pessoas pretas e pardas. Este é um dos maiores indicadores de oportunidade de mercado identificados pelo estudo.
O que é o “Black Gap”?
A Data-Makers introduz uma métrica inovadora neste estudo: o “Black Gap”, um índice de inequidade que mede o quanto setores e marcas atendem bem os consumidores pretos e pardos ao longo de toda a jornada de compra. O índice varia de -100 a 100, e valores acima de zero indicam que há mais consumidores descontentes do que satisfeitos. Quanto maior o gap, maior a incapacidade da marca ou setor em atender ao consumidor.
O estudo mapeou 11 setores principais, identificando os maiores gaps:
- Varejo: +32 (maior gap) – Casos de racismo, discriminação e mau atendimento em lojas físicas prejudicam significativamente a experiência
- Alimentos e Bebidas: +30 – Falta de representatividade e produtos inadequados
- Serviços Financeiros: +27 – Procedimentos discriminatórios no acesso a crédito e empréstimos
- Turismo: +18 – Baixa representação e micro-agressões em hospedagens
- Moda e Vestuário: +14 – Deficiência na representatividade publicitária e produtos inadequados
Além disso, Fabrício Fudissaku, CEO da Data-Makers, destaca que estes gaps representam o tamanho da frustração de consumidores e perda de vendas.
Estes gaps não são apenas números. Representam o tamanho da frustração de consumidores, perda de vendas e reputacional para marcas. Por outro lado, o gap também representa o tamanho da oportunidade para as marcas de cada setor no que se refere ao desenvolvimento de experiências de compra e uso superiores, além de uma publicidade de mais conexão com os consumidores — Fabrício Fudissaku, CEO da Data-Makers
Avanços na publicidade
O estudo aponta evolução na representatividade publicitária: 69% dos consumidores acreditam que houve melhora na diversidade dos anúncios em relação a 2024. Além disso, 32% ainda não se sentem representados pela publicidade, uma queda de 3 pontos percentuais.
Quando representados, os consumidores pretos preferem: representação sem estereótipos (32%), posições de protagonismo e liderança (26%) e histórias de superação (25%).
Canais e influenciadores
O Instagram consolidou-se como o canal preferido para 31% dos consumidores pretos, seguido pelo YouTube (27%). Ademais, 81% dos consumidores acompanham influenciadores, um aumento de 8 pontos percentuais em relação a 2024.
Identidade, orgulho e esperança
O estudo também revela aspectos importantes da identidade deste público: 95% sentem orgulho de sua raça e cor, 78% têm interesse em conhecer mais sobre sua ancestralidade e 71% agem ativamente para tornar a sociedade mais justa.
Apesar de 81% relatarem terem sido vítimas de racismo, há sinais de esperança: 77% acreditam viver em uma sociedade mais justa que a de seus pais, e 59% acreditam que o futuro será mais equitário.






