O período de Natal é uma das datas mais importantes para o varejo, tanto em volume de vendas quanto em riscos operacionais. Com o aumento do fluxo de clientes, do tíquete-médio e da complexidade logística, as perdas no varejo tendem a crescer se não houver atenção aos processos. Por isso, investir na prevenção de perdas nessa temporada se torna parte essencial da estratégia de rentabilidade.
Estimativas para o Natal no varejo
Para o Natal de 2024, a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) estimou que o varejo brasileiro movimentaria cerca de R$ 69,75 bilhões. A Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) apontou crescimento de 3,4% para o comércio varejista em geral e 5,5% para shoppings, no período entre 19 e 25 de dezembro de 2024, através do índice Cielo do Varejo Ampliado (ICVA).
Para 2025, as estimativas indicam que o Natal pode superar os R$ 70 bilhões em vendas no varejo, segundo projeções da CNC. Com mais volume, mais clientes e mais transações, também aumentam os riscos de fraudes, furtos, erros operacionais, devoluções indevidas e mau controle de estoque.
Dez práticas para reduzir perdas no varejo no Natal
Considerando esse cenário, confira dez boas práticas para minimizar as perdas no varejo durante o período natalino:
1. Planejamento antecipado de estoque e fluxo
Analise o histórico de vendas dos Natais anteriores e identifique os produtos com maior volume ou maior risco. Ajuste as entregas, o estoque de segurança e a reposição para que não haja rupturas. Isso evita perdas ao não concretizar vendas ou gerar devoluções. Além disso, estabeleça zonas de alta circulação e reforce a vigilância ou supervisão.
2. Reforço da segurança operacional e física
Certifique-se de que câmeras, alarmes e a visibilidade do piso estejam em perfeito funcionamento. Treine a equipe temporária para os procedimentos de segurança, conferência de caixa, devoluções e conferência em PDV. Crie checklists para turnos, carga/recebimento e transporte interno.
3. Controle rigoroso de etiquetas, pacotes e devoluções
No período natalino, devoluções indevidas e fraudes tendem a aumentar. Por isso, é importante ter uma política clara, validação e auditoria. Identifique produtos de alto valor ou alta rotação, gerando relatórios específicos de devoluções. Utilize etiqueta eletrônica ou código de série sempre que possível, para rastreabilidade.
4. Gestão de inventário e fluxo de mercadorias
Realize uma contagem rotativa ou parcial de estoque antes e durante o período natalino para identificar desvios. Acompanhe em tempo real os itens de maior giro ou maior valor e compare com o sistema de controle. Garanta que o recebimento e a limpeza das sessões estejam bem-feitos, para evitar produtos danificados ou mal expostos, que geram perda de valor ou devolução.
5. Treinamento da equipe e cultura de prevenção de perdas
Mesmo que o foco seja “vender mais”, lembre a todos (temporários e efetivos) que a prevenção de perdas é essencial para a margem. Workshops rápidos, vídeos curtos de boas práticas e lembretes visuais ajudam a manter o foco. Crie uma cultura em que cada colaborador entenda como sua ação impacta as perdas no varejo.
6. Monitoramento em tempo real de indicadores-chave
Acompanhe em dashboards as métricas como número de devoluções, diferença entre estoque físico e sistema, itens avariados, tíquete-médio versus volume de vendas. No período de pico, monitore com mais frequência e atue rapidamente nos desvios detectados.
7. Ajuste das promoções e campanhas para margem positiva
Mesmo em datas festivas, garanta que as promoções estejam alinhadas com a margem e não provoquem “perda amplificada” pela quantidade. Utilize um mix inteligente, aproveitando produtos complementares, upsell e cross-sell para melhorar o tíquete-médio sem aumentar o custo de risco.
8. Logística e reposição ágil com rastreabilidade
Transporte interno, reposição rápida e visibilidade dos produtos na loja ajudam a evitar estoque perdido, danos ou furtos. Crie “zonas quentes” (áreas dentro da loja onde os produtos têm alta rotatividade) e aplique supervisão reforçada.
9. Revisão pós-Natal e lições aprendidas
Assim que passar o pico, reúna dados, verifique quais produtos mais apresentaram divergência, avalie falhas de processo e monte um plano de melhoria para o próximo ciclo. A prevenção de perdas não termina após a venda, ela continua com análise e melhoria.
10. Comunicação clara com fornecedores e transportadoras
Em períodos de alta demanda, erros no transporte ou no recebimento geram perdas (mercadoria perdida, danificada ou sem registro). Confirmar prazos, quantidade, integridade e registro adequado ajuda a evitar que o varejista absorva o erro.
Conclusão
O Natal é um momento de grande oportunidade para o varejo, mas também de alto risco em termos de perdas. Aplicar uma abordagem estruturada de prevenção de perdas – com foco em estoque, logística, equipe, segurança e dados – faz a diferença entre um resultado bom e um resultado excelente e rentável.
Colocar em curso essas boas práticas garante que o fim do ano seja celebrado com vendas elevadas e margens preservadas.
*Thiago Artacho é CEO da Green Tech Solutions






