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Gestão de crise e comunicação jurídica ganham força

Gestão de crise e comunicação jurídica ganham força

Com mais de 31 milhões de novos processos em 2023, a reputação corporativa se tornou um ponto central nas disputas jurídicas. A crescente judicialização exige que empresas e seus representantes estejam preparados para lidar com os desafios impostos pelas decisões judiciais e pela pressão das mídias sociais.

Avanço da litigiosidade empresarial

O avanço da litigiosidade empresarial no país, que registrou mais de 31 milhões de novos processos em 2023 segundo o Justiça em Números do Conselho Nacional de Justiça, consolidou um movimento que especialistas já vinham apontando: a reputação corporativa entrou definitivamente no radar do Judiciário.

Nesse cenário, escritórios e departamentos jurídicos passaram a atuar de forma preventiva, buscando evitar que crises financeiras ou de imagem se convertam em perdas irreversíveis. Afinal, o ambiente é marcado pela velocidade das redes sociais e pelo aumento de disputas relacionadas à governança, crédito e consumo.

Quando uma instituição demora para reconhecer a gravidade de um bloqueio patrimonial, de uma falência iminente ou de um vazamento de informação sensível, o dano costuma ser multiplicado.

— Patricia Maia, sócia do Barbosa Maia Advogados

A crescente exposição jurídica das empresas

Estudos internacionais também apontam para essa tendência. O Edelman Trust Barometer 2024 revelou que 71% das pessoas esperam que as empresas se posicionem de forma rápida e transparente em situações de conflito. Já no Brasil, um levantamento da Deloitte sobre gestão de crise, realizado em 2023, indica que 54% das companhias enfrentaram algum episódio crítico nos últimos dois anos. Quase metade delas admite não possuir protocolos específicos para comunicação jurídica em cenários de risco.

Para Patricia Maia, episódios envolvendo bloqueios judiciais, disputas societárias e denúncias de má gestão financeira revelam fragilidades de governança que poderiam ser evitadas com uma atuação combinada entre jurídico, comunicação e alta administração.

A empresa moderna precisa compreender que informação é ativo estratégico. Quando ela vaza de forma desordenada ou chega distorcida ao mercado, abre margem para ações judiciais, sanções regulatórias e perda de credibilidade.

— Patricia Maia, sócia do Barbosa Maia Advogados

Setor financeiro em alerta

O setor financeiro é um dos mais sensíveis. De acordo com a Serasa Experian, o país encerrou 2024 com 6,7 milhões de empresas inadimplentes, o maior número da série histórica. A pressão sobre os fluxos de caixa intensifica a busca por renegociação e reestruturação, mas também amplia disputas entre credores, investidores e gestores. Erros na interlocução com a imprensa ou respostas precipitadas nas redes sociais podem influenciar decisões de juízes, percepções de stakeholders e até movimentos especulativos.

Governança, prevenção e resposta rápida

Em cenários de falência ou recuperação judicial, a assimetria de informação é um fator determinante. De acordo com Patricia Maia, quando um credor não entende o que está acontecendo, ele litiga. Quando o investidor perde previsibilidade, ele se afasta. Quando o mercado enxerga opacidade, ele especula. Por isso, a comunicação jurídica precisa atuar de forma técnica, objetiva e alinhada à governança.

Especialistas recomendam que as empresas estruturem planos de resposta rápida, definam porta-vozes treinados e adotem fluxos internos que unam compliance, jurídico e comunicação. A adoção de relatórios periódicos aos públicos estratégicos, o monitoramento constante de riscos reputacionais e a revisão de contratos sensíveis também aparecem como ações prioritárias.

Crise não começa no dia em que estoura. Ela nasce de acúmulos que poderiam ter sido detectados antes. Integrar o olhar jurídico à tomada de decisão e à narrativa empresarial não é mais diferencial, é sobrevivência.

— Patricia Maia, sócia do Barbosa Maia Advogados

Com a tendência de expansão dos litígios e o fortalecimento do escrutínio público, companhias que mantiverem estruturas fragmentadas deverão enfrentar mais desgaste. As que adotarem postura preventiva tendem a reduzir disputas, preservar valor e atravessar turbulências com menor impacto econômico e institucional.

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