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Web 3.0: A nova fase da internet e o controle de dados

Conceito de Web 3.0: descentralização e controle de dados.

A Web 3.0, a nova fase da internet, aposta na descentralização e na Inteligência Artificial para devolver aos usuários o controle sobre seus próprios dados. Essa transformação, segundo um estudo da Anatel em parceria com institutos federais, pode alterar a forma como interagimos e fazemos negócios online.

Foto: Freepik

O que é a Web 3.0?

A próxima evolução da internet promete devolver aos usuários o controle sobre seus dados, com um ambiente digital mais descentralizado e inteligente. A Web 3.0 representa uma mudança estrutural em relação à configuração atual, onde grandes empresas dominam o armazenamento e o uso de informações pessoais. Essa é a expectativa de um estudo desenvolvido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em parceria com institutos de pesquisa.

De acordo com a Anatel, a Web 3.0 é “uma visão futurista que promete transformações profundas na forma como interagimos e fazemos negócios no ambiente digital”. O estudo destaca que o objetivo central dessa nova fase é “criar uma internet mais descentralizada, inteligente, personalizada, segura e imersiva”.

A transição para modelos menos centralizados exige que empresas revejam escolhas de infraestrutura, como a melhor hospedagem de site em um ambiente onde o controle de dados se fragmenta. Essa questão se justifica pelos dados da Anatel, que mostram que poucos gigantes corporativos concentram a maioria das informações.

Infraestrutura na Web 3.0: O que muda?

A transição entre as “eras” da internet exige repensar desde escolhas básicas de infraestrutura até arquiteturas corporativas complexas. Enquanto a internet atual opera sobre servidores centralizados, onde sites rodam em hospedagem WordPress e serviços de nuvem como AWS, Azure e Google Cloud, o novo modelo propõe fragmentar esses dados em redes distribuídas.

Na Web 2.0, se o servidor de um provedor de hospedagem cai, o serviço sai do ar completamente. Em redes descentralizadas como IPFS (InterPlanetary File System) ou Arweave, os dados ficam fragmentados em múltiplos “nós” independentes. Mesmo que vários deles falhem, a rede continua funcionando. Além disso, o controle se inverte: em vez do provedor gerenciar tudo, os usuários mantêm a propriedade e o acesso direto às suas informações.

O custo é outro ponto de contraste. As infraestruturas centralizadas oferecem mensalidades previsíveis e escalabilidade sob demanda. Nas redes distribuídas, os valores variam conforme o uso da rede e podem ser menos previsíveis, o que dificulta o planejamento financeiro de empresas.

As diferentes correntes tecnológicas da nova internet

A comunidade científica reconhece duas definições fortes que coexistem atualmente. A primeira, proposta no início dos anos 2000, foca na Web Semântica. Nessa visão, as máquinas conseguem compreender o contexto e o significado das informações, não apenas exibi-las para humanos.

A segunda vertente, popularizada nos últimos três anos, tem o blockchain como destaque. Ela se concentra em elementos como descentralização, segurança e interoperabilidade. O termo Web3 foi criado em 2014 por um cientista da computação que também participou do desenvolvimento da segunda maior criptomoeda do mercado mundial. A proposta estabelece uma estrutura para a internet com serviços distribuídos separadamente, sem o controle (ou monopólio) de grandes empresas ou governos.

Tecnologias que impulsionam a transformação

Entre as principais tecnologias que viabilizam essa transformação, o blockchain se destaca por garantir a integridade e segurança dos dados sem autoridade central. Essa tecnologia permite que transações ocorram diretamente entre usuários. Além disso, os contratos inteligentes, programas autoexecutáveis no blockchain, eliminam intermediários e automatizam processos quando condições predefinidas são cumpridas.

Simultaneamente, a Inteligência Artificial e o aprendizado de máquina já impactam diretamente como os usuários interagem e processam informações. Análises técnicas indicam que os serviços se tornam mais personalizados, adaptando-se às preferências e comportamentos individuais.

Completando esse “ecossistema”, as Organizações Autônomas Descentralizadas (DAOs) permitem que decisões sejam tomadas por votação coletiva, em vez de estruturas hierárquicas tradicionais. As redes 5G e pós-5G, junto com a computação de borda, fornecem a infraestrutura necessária para dar suporte a essas inovações.

Desafios para a adoção da Web 3.0

O consumo energético do blockchain, especialmente o mecanismo Proof of Work, levanta preocupações ambientais. Outro ponto crítico é a regulamentação: a falta de supervisão centralizada complica o estabelecimento de novos modelos regulatórios.

A proliferação de fake news, informações distorcidas e discursos de ódio também pode se ampliar em um ambiente descentralizado e anônimo. A experiência do usuário também permanece complexa. O uso de carteiras digitais e a interação com contratos inteligentes podem intimidar usuários não técnicos, criando barreiras para a adoção em massa dessa nova geração da internet.

Setores que já se beneficiam da descentralização

Vários setores já trabalham com a descentralização dos dados. Na saúde, pacientes podem armazenar registros médicos em redes blockchain, acessíveis apenas com permissão específica. A IA oferece diagnósticos e tratamentos mais precisos e personalizados.

Na educação, diplomas e certificados armazenados em blockchain garantem autenticidade e validação global, enquanto a IA personaliza o conteúdo educacional para cada aluno. Já as finanças descentralizadas (DeFi) possibilitam transações diretas entre usuários com criptomoedas e contratos inteligentes.

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