As Forças de Defesa de Israel (FDI) confirmaram a existência de provas documentais que demonstram o planejamento detalhado do ataque terrorista de 7 de outubro de 2023 contra Israel. Entre os materiais apreendidos, destaca-se uma carta manuscrita de seis páginas do então líder do Hamas, Yahya Sinwar, descoberta em um bunker subterrâneo em Gaza. Esse documento lança luz sobre a real intenção por trás dos atos terroristas.
Instruções Detalhadas para Atrocidades
Redigido em árabe em agosto de 2022, o documento contém instruções específicas para o massacre de civis em suas residências, além de incêncios generalizados em comunidades inteiras e filmagem dos atos violentos para fins de propaganda. Essa descoberta contradiz as declarações de lideranças políticas do Hamas, que tentavam caracterizar a operação como um confronto dirigido exclusivamente contra militares israelenses.
Estes documentos provam, sem qualquer margem para dúvida, que o Hamas planejou com antecedência um ataque brutal contra civis. Não há espaço para interpretações diferentes.
— Major Rafael Rozenszajn, porta-voz das FDI
Orientações para massacres e incêndios
De acordo com análises da inteligência israelense, a carta de Sinwar continha orientações explícitas para que os terroristas utilizassem combustível de caminhões-tanque para atear fogo em residências. O documento menciona a necessidade de executar “duas ou três operações” para incendiar completamente bairros inteiros, kibbutzim e outras localidades, além de detalhar formas brutais de assassinato a tiros e degola de indivíduos, incluindo mulheres, idosos e crianças.
Além disso, as comunicações interceptadas pela Unidade 8200 do exército israelense durante o próprio 7 de outubro reforçam as evidências do planejamento meticuloso. Os registros mostram comandantes do Hamas no terreno ordenando especificamente que os terroristas incendiassem “tudo” e colocassem fogo em “todo o kibbutz”. Em outra série de transmissões, líderes terroristas instruíram subordinados a “massacrarem” soldados de perto e a filmarem as ações para “mostrar ao mundo muçulmano”.
Vídeo revela eliminação de Sinwar
Simultaneamente à confirmação dos documentos, as FDI liberaram novas imagens do local onde Yahya Sinwar foi eliminado, em Rafah, há mais de um ano. O vídeo mostra em detalhes uma casa completamente destruída, incluindo o infame sofá laranja onde o terrorista foi capturado em imagens anteriores enquanto ainda vivia.
As imagens capturam o momento em que câmeras operadas pelas FDI penetram a edificação através de um portão metálico, revelando danos estruturais severos causados por um golpe de tanque israelense minutos antes da eliminação. Na escadaria fragmentada, um buraco de grandes proporções é visível. No segundo andar, entre os escombros, o corpo de Yahya Sinwar repousa cercado por centenas de notas de 200 shekels espalhadas pelo chão.
A trajetória de um terrorista
Nascido em 1962, Yahya Sinwar cresceu em Khan Younis, na Faixa de Gaza. Ele foi um dos fundadores da ala militar do Hamas, as Brigadas Izz al-Din al-Qassam, e era considerado uma das figuras mais perigosas da organização. Em 1988, foi preso por Israel e condenado a cinco penas de prisão perpétua por assassinar palestinos que suspeitava colaborarem com as autoridades israelenses.
Libertado em 2011 como parte do acordo de troca do soldado israelense Gilad Shalit, Sinwar ascendeu rapidamente na hierarquia do Hamas. Em fevereiro de 2017, foi eleito líder da organização em Gaza e posteriormente foi nomeado chefe do bureau político do Hamas, posição na qual consolidou ainda mais o radicalismo organizacional e preparou o ataque de outubro de 2023.
Sinwar foi o principal arquiteto do massacre de 7 de outubro. Seus documentos e comunicações interceptadas confirmam uma estratégia deliberada de terror contra civis. A forma cruel como os terroristas que invadiram Israel agiram não foi um desdobramento das circunstâncias que teria fugido ao controle de suas lideranças — foi planejamento premeditado de uma operação dedicada ao máximo grau de terror.
— Rozenszajn, porta-voz das FDI
O jornal americano The New York Times havia publicado em 11 de outubro de 2025 reportagem em que afirmava ter informações sobre a carta de Sinwar, que estava sendo mantida até então em sigilo. A confirmação oficial das FDI com exposição das provas representa um passo significativo na documentação dos crimes de guerra perpetrados pelo Hamas.
Diretrizes de Sinwar para o ataque
Confira a seguir, a tradução de algumas das citações escritas à mão por Yahya Sinwar, liberadas pelo exército de Israel para divulgação, nas quais ele dá ênfases e princípios orientadores para o plano de incursão contra Israel:
Na fase preliminar à incursão, é imprescindível que as forças realizem movimentos intensivos semanas antes de qualquer ação do lado vermelho, que o inimigo considera rotineira; isso servirá como história de cobertura para o grande deslocamento.
Deve-se cuidar para que saiam imagens que provoquem um surto de embriaguez de sentidos, loucura e eclosão entre o nosso povo, especialmente na Cisjordânia, nas ‘áreas internas’, em Jerusalém e em toda a nossa nação. Isso para estimular a adesão aos apelos que os convocarão a sair e se revoltar. Paralelamente, devem causar um surto de sensações de terror e medo entre o inimigo. Deve-se enfatizar aos comandantes das unidades que provoquem essas coisas deliberadamente, filmem-nas e transmitam as imagens o mais rápido possível: pisar as cabeças de soldados, disparo à queima-roupa, esfaqueamento de alguns com faca, explosão de tanques, soldados ajoelhados com as mãos sobre a cabeça, e assim por diante.
É preciso planejar de antemão eventos dos quais saiam imagens aterrorizantes — algumas viaturas-bomba ardendo que explodam em um posto ou edifício e provoquem destruição aterradora, cenas dilacerantes, chamas terríveis. Cinco ou dez imagens assim lhes semearão pavor mortal. Allah os atingiu de onde não esperavam e lançou terror em seus corações. Deve-se organizar duas ou três ações cujo objetivo seja a queima de um bairro inteiro ou de um kibutz, etc. — derramar combustível ou gasóleo de um tanque especial, incendiar o local e transmitir as imagens.
Cada comandante de brigada deve ter um plano pronto para convocação das forças, seu desdobramento, a forma de comunicação com elas e sua ativação segundo instruções centrais do comandante do aparato.
Os objetivos da brigada do Norte devem mirar antes de tudo a linha costeira. Os objetivos da brigada de Gaza devem ser em direção ao nordeste até certo ângulo. Os objetivos das brigadas dos campos centrais devem ser em direção ao nordeste com viés para leste. Os objetivos da brigada de Khan Younis devem ser para leste. Os objetivos da brigada de Rafah devem ser para o sudeste.
Se não estivermos prontos para aproveitar a oportunidade até o fim, então o inimigo conseguirá controlar a comoção e passar ao contra-ataque ou receberá ajuda externa, e então a situação se inverterá contra nós da pior maneira. Portanto, é imprescindível estar pronto para o afluxo de forças, desenvolvimento do ataque, sua expansão e reforço ao máximo durante as primeiras seis a dez horas, a fim de estabelecer fatos concretos no terreno que frustrem qualquer possibilidade de contra-ataque.